O PÃO DA VIDA
Cristo está mesmo presente na Eucaristia? Ou apenas “espiritualmente”? O pão e o vinho tornam-se de fato Corpo e Sangue do Senhor? Ou são apenas símbolos? Tire suas dúvidas.
24/01/2024 10:47
Desde a última ceia de Jesus com seus Apóstolos, - a Santa Ceia, - a Igreja nunca deixou de celebrar a Eucaristia, nem de crer na Presença Real do Cristo no Pão Consagrado pelo sacerdote. A Eucaristia é o centro da vida da Igreja (CIC §893); é por meio dela que participamos verdadeiramente do Corpo de Nosso Senhor e somos elevados à Comunhão com Ele.
Diz assim o Catecismo da Igreja Católica (CIC): A Eucaristia
é «fonte e cume de toda a vida cristã»(146). «Os restantes sacramentos, assim
como todos os ministérios eclesiásticos e obras de apostolado, estão vinculados
com a sagrada Eucaristia e a ela se ordenam. Com efeito, na santíssima
Eucaristia está contido todo o tesouro espiritual da Igreja, isto é, o próprio
Cristo, nossa Páscoa» (CIC §1324)
A palavra “hóstia” vem do latim e significa “vítima”. O
cristianismo, ao entrar em contato com a cultura latina, agregou ao seu
linguajar litúrgico o termo “hóstia” para referir-se àquEle que, por Amor,
tornou-se a maior “Vítima” do pecado: Jesus. Com a palavra “hóstia”, portanto,
a Igreja alude ao Cordeiro Imolado e Ressuscitado, presente no Memorial
Eucarístico, isto é, a Santa Missa.
Assim, desde os primeiros tempos, os cristãos pregaram essa
verdade fundamental da nossa fé, recebida dos Apóstolos: Jesus Cristo está
verdadeiramente Presente no Pão e no Vinho Consagrados, em Corpo, Sangue, Alma
e Divindade, e não apenas simbolicamente.
Algumas “igrejas” bem mais recentes, porém, não creem que a
Eucaristia contém essa Maravilhosa Presença, tratando-a como se fosse apenas um
“símbolo” do Corpo de Cristo. Acham que Jesus é Pão da Vida apenas no sentido espiritual,
e não aceitam a Presença Real do Senhor no Pão e no Vinho consagrados. Por
desconhecerem o sentido da Bíblia Sagrada no contexto da Igreja que é a mãe
dessa mesma Bíblia, - e talvez por falta de confiança no Poder Divino, que é
maior do que a nossa capacidade de compreensão, - acabam por desperdiçar este
incomparável Presente de Deus para a humanidade.
Para esclarecer de uma vez a questão, aqui apresentamos, de
forma simples e direta, o que as Sagradas Escrituras claramente ensinam sobre a
Presença Real de Nosso Senhor Jesus Cristo nas Espécies Consagradas do Pão e do
Vinho, - a Divina Eucaristia, - centro e sustento da nossa fé. Vejamos:
“Eu sou o Pão Vivo que desceu do Céu. Quem comer deste Pão viverá
eternamente. E o Pão que eu hei de dar é a minha Carne, para a salvação do
mundo.” (Jo 6,51)
É Jesus quem fala, pessoalmente, e afirma categoricamente:
Ele é o Pão Vivo, o Pão da Vida, Pão que vivifica e transforma. E o Senhor
especifica que esse Pão descido dos Céus é a sua própria Carne, dada em
Alimento para a salvação do mundo. Evidente que se o Pão é sua Carne, não se
pode afirmar que Jesus é Pão apenas como “alimento espiritual”.
E diz mais o Senhor:
“Quem se alimenta da minha Carne e bebe do meu Sangue permanece em Mim, e Eu nele.” (Jo 6, 56-57)
Mais uma vez o Senhor declara, com todas as letras, que o
Pão Consagrado é a sua Carne, e o Vinho é o seu Sangue: ao comungarmos Corpo e Sangue
de Nosso Senhor, passamos a pertencer a Ele, e Ele passa a habitar em nós.
Devemos, portanto, nos alimentar de seu Corpo e Sangue para termos esta santa Intimidade.
Se ainda tivesse restado dúvida, porém, a afirmação seguinte dissipa qualquer
treva:
“Pois a minha Carne é verdadeiramente comida e o meu Sangue
é verdadeiramente bebida.” (Jo 6,55)
Assunto finalizado. Não há como ignorar a clareza e a ênfase
destas palavras do Cristo: sua Carne e Sangue são verdadeiramente Alimento e
Bebida. Ele jamais diz que sua Carne e Sangue estariam “simbolicamente” naquela
comida e bebida; e Ele também não diz: “Estou espiritualmente nestes símbolos”.
A Carne e o Sangue de Cristo estão verdadeiramente presentes
na Eucaristia, para a nossa salvação, e os cristãos fiéis são convidados a
comungar deste Santo Sacramento. Este é o claríssimo ensinamento das
Escrituras. Diante de afirmações tão diretas do próprio Jesus Cristo, como
podem ainda existir confusões? Má vontade? Falta de fé no que realmente diz a
Palavra de Deus? Mas essa negação não surpreende: assim como se questiona o
Sacramento da Eucaristia hoje, também naquela época muitos judeus disseram:
“Como pode este homem dar-nos de comer a sua carne?” (Jo 6,52).
Eles não eram capazes de compreender tão sublime e mística Revelação: Jesus
falava de forma literal, sem meias palavras, que daria seu Corpo em Alimento.
Isso deixou os judeus escandalizados e incrédulos.
De fato, esta realidade é tão difícil de aceitar e tão impossível
de entender pelo intelecto humano, que até alguns discípulos de Jesus disseram:
“Dura é essa palavra! Quem pode escutá-la?” (Jo 6, 60). Não apenas os judeus,
mas também os
mais próximos do Senhor eram incapazes de entender! Esta Revelação
provocou tal impacto que, depois dela, “muitos discípulos voltaram atrás e não
mais andavam com Ele” (Jo 6, 65-67). E assim continua acontecendo até hoje...
“É necessário que vos empenheis não para obter esse alimento
perecível, mas o Alimento que permanece para a vida eterna, o qual o Filho do
homem vos dará.” (Jo 6, 27)
Mais importante que o pão de cada dia, que sustenta o corpo,
é a Eucaristia, o Alimento que sustenta a alma e permanece para a vida eterna.
Se a Eucaristia fosse apenas um símbolo ou uma “lembrança” da Santa Ceia, como
poderia ser “Alimento para a vida eterna”?
“Tomai e comei; isto é o meu Corpo...” (Mt 26, 26-28)
Que tipo de “cristão” desafiaria o Cristo e diria: “Senhor, estás enganado, isto não pode ser o teu Corpo!”?
Hoje, porém, muitos que se declaram “cristãos” fazem
exatamente isso. Também é interessante observar que, se houvesse apenas vinho
no Cálice da Santa Ceia, Jesus não diria: “Este Cálice é a Nova Aliança no meu
Sangue” (Lucas 22, 20). – Um cálice com vinho comum é um cálice com vinho
apenas, e não poderia ser a nova e definitiva Aliança entre Deus e os homens.
Mas, se este Cálice contém realmente o Sangue do Senhor Jesus, então estamos
literalmente diante da Nova e Eterna Aliança com Deus, através do Filho de
Deus, Cordeiro Imolado pela salvação do mundo.
E como tudo isso não bastasse, o Apóstolo Paulo reafirma em
sua carta aos coríntios:
“O Cálice que tomamos não é a Comunhão com o Sangue de
Cristo? O Pão (...) não é a Comunhão com o Corpo de Cristo?” (I Cor 10,16)
Mais uma vez, não diz que o Cálice e o Pão “simbolizam”, que
“representam” ou que são uma “recordação” do Sangue e do Corpo; a Escritura
afirma com convicção: o Cálice e o Pão são Corpo e Sangue para a Sagrada
Comunhão com o Senhor Jesus Cristo. Em sua última ceia, Cristo cumpriu a
Promessa: verdadeiramente instituiu a Eucaristia, seu Corpo e Sangue, como
Alimento para as almas sedentas.
E assim, concluímos este estudo com mais uma mensagem
incisiva da Bíblia Sagrada:
“Cada um se examine antes de comer desse Pão e beber desse
Cálice, pois aquele que come e bebe sem discernir o Corpo do Senhor, come e
bebe a própria condenação.” (I Cor 11,28-30)
Para participar da Eucaristia, comer e beber do Banquete do
Altar, é preciso discerni-lo, isto é, saber que o Pão e o Vinho são realmente
Corpo e Sangue do Senhor. Poderia a Palavra de Deus ser mais clara e mais
direta do que isto?
Eis aí a pregação apostólica. Eis a Palavra de Deus, contida
na Bíblia Sagrada. Eis aí a Doutrina católica e apostólica, que vem sendo
guardada pela verdadeira Igreja de Cristo desde os tempos dos Apóstolos. Quem
tiver entendimento para entender, entenda.
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Revista O fiel Católico, nº 1, Ano 2013